Brasileiros no Paraguai: tensões crescentes e o peso da presença brasiguaia
Raízes da migração
A chegada de brasileiros ao Paraguai se intensificou nas décadas de 1940 e 1970, especialmente com incentivos governamentais paraguaios e indenizações ligadas à construção de Itaipu. Agricultores brasileiros viram no país vizinho uma oportunidade de adquirir grandes áreas de terra a preços acessíveis, dando início ao que viria a se tornar uma das maiores comunidades de imigrantes do Paraguai.
Brasiguaios: quantos são?
Estimar a população brasiguaia é um desafio. Enquanto o censo oficial paraguaio contabiliza cerca de 30 mil brasileiros e descendentes, o governo brasileiro estima mais de 300 mil. Outras instituições internacionais apontam que o número real pode passar de meio milhão, evidenciando a dimensão e a complexidade dessa diáspora.
Terra, economia e tensão social
Com práticas agrícolas modernas e voltadas à exportação, muitos brasiguaios consolidaram propriedades produtivas e influentes economicamente. No entanto, isso gerou atritos com movimentos camponeses paraguaios, que os acusam de monopólio fundiário e de prejudicar a agricultura local. Invasões de terras e protestos têm sido frequentes em departamentos como Canindeyú e Alto Paraná.
Cultura mista e identidade regional
A comunidade brasiguaia desenvolveu uma identidade própria, marcada pelo uso do 'portunhol', pela manutenção de costumes brasileiros — como o chimarrão e festas gauchescas — e por rádios locais em português. Apesar da integração econômica, persistem barreiras culturais e uma visão por vezes hostil por parte da sociedade paraguaia.
Restrições e resposta do governo paraguaio
Diante do avanço da influência brasileira, o Paraguai implementou leis para limitar a aquisição de terras por estrangeiros em zonas de fronteira e endureceu exigências de residência legal. Tais medidas visam preservar o controle nacional sobre o território, mas também alimentam tensões e sentimentos nacionalistas entre comunidades locais.
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